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e os seus efeitos terapêuticos, com destaque para a vertente musical

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Uma tentativa de definição...

A Musicoterapia é, desde os anos 40 do século XX, utilizada como ramo da medicina, no entanto, a sua utilização como acção medicinal e terapêutica remota a tempos antigos.
São muitas as referências e numerosos os escritos relacionados com a aplicação da música e sons na medicina. No Egipto, numa região próxima a Kahum, foi descoberto em 1889 um papiro com aproximadamente 4,5 mil anos que revelou a aplicação de sistemas sonoros, instrumentos e voz para o tratamento de doenças físicas, bem como distúrbios emocionais e espirituais. A história regista que também a mitologia grega recorreu a técnicas terapêuticas de carácter musical. Asclépio, deus da medicina, filho do deus Apolo, tratava os seus doentes fazendo-os ouvir cânticos mágicos. O famoso historiador Homero afirmava que a música era uma dádiva divina para o homem: com ela, poderia alegrar a alma e, assim, apaziguar as perturbações da mente e corpo.

Do ponto de vista histórico, para muitas culturas, o som é a força divina que se manifesta através das vibrações rítmicas.

O 1º Congresso Mundial de Musicoterapia ocorreu em 1974 e surgiu pela primeira vez uma definição mundial, segundo a qual a musicoterapia consiste numa “técnica terapêutica que utiliza a música em todas as suas formas, com participação activa ou passiva por parte do paciente”.A música mobiliza aspectos biopsicossociais do indivíduo, e constitui, na prática da musicoterapia, o objecto intermediário da relação musicoterapeuta-paciente. Esta prática compreende o uso da música pretendendo alcançar objectivos terapêuticos nos domínios físico, comportamental, mental, emocional, social e espiritual. Compreende o uso intencional e planeado da música processado no seio da relação estabelecida entre musicoterapeuta e paciente.

Actualmente é aceite a definição de que a musicoterapia é a utilização da música e/ou dos seus elementos constituintes (ritmo, melodia e harmonia), por um musicoterapeuta qualificado, com um paciente ou grupo, num processo destinado a facilitar e promover a comunicação, relacionamento, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objectivos terapêuticos relevantes, a fim de atender as necessidades físicas, emocionais, mentais e sociais e cognitivas (World Federation of Music Therapy, 1996). A musicoterapia procura desenvolver potenciais e/ou restaurar funções do indivíduo através da prevenção, reabilitação ou tratamento. Faculta a recuperação ou integração dinâmica do indivíduo consigo mesmo e com o seu grupo social.
É uma aplicação científica do som, da música e do movimento por meio da escuta e execução, cuja finalidade é oferecer um meio de comunicação lúdico que se revele eficaz para a população que se apresenta comprometida nas capacidades de comunicação e interacção, pretendendo possibilitar bem-estar e promover a qualidade de vida.


Bibliografia acedida:
• Braga, A. L. & Lang, N. (2006). Pesquisando a “inclusão” na cidade de Ribeirão Preto. Revista Brasileira de Musicoterapia, 8, pp.11-25;
• Bruscia, K. E. (1998). Definindo Musicoterapia. Rio de Janeiro: Enelivros;
• Camargo, D.; Bulgacov, Y. L. & Cunha, R. (2003). Interjogo de imaginação e emoção: estudo de um processo musicoterapêutico. Interacção em Psicologia, 7(1), pp.45-53;
• Costa, C. M. (1989). O despertar para o outro – musicoterapia. São Paulo: Summos;
• Magee, W. L.; Brumfitt, S. M.; Freeman, M. & Davidson, J. W. (2006). The role of music therapy in an interdisciplinary approach to address functional communication in complex neuro-communication disorders: a case report. Disability and Rehabilitation, 28(19), 1221-1229;
• Padilha, M. C. (2008). A musicoterapia no Tratamento de Crianças com Perturbação do Espectro do Autismo. Dissertação de mestrado. Covilhã: Universidade da Beira Interior;
• World Federation of Music Therapy (1996). What is music Therapy, acedido a 17 de Outubro de 2009 em http://www.wfmt.info/WFMT/FAQ_Music_Therapy.html;
• Zanini, C. R. et al (2009). O efeito da musicoterapia na qualidade de vida e na pressão arterial do paciente hipertenso. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 93(5), pp.534-540.

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